quinta-feira, 23 de junho de 2011

Uma análise do Movimento Ritvik dentro da ISKCON

Uma análise do Movimento Ritvik 
dentro da ISKCON
Por

Radhapada Das

Nitai’s Bhajan Kutir





Sri Krishna Caitanya Bharati (Mahaprabhu) entre Seus Associados íntimos e irmãos Sannyasis Sankarites

Introdução do Tema
Ritviks se refere a um grupo devotos dentro da seita da ISKCON, a qual é uma seita dentro da religião Vaisnava. Eles são um grupo dissidente que estão insatisfeitos com os resultados da organização religiosa da ISKCON, em particular, com os resultados da perda dos seus membros, associado com as atividades escandalosas dos “gurus iniciadores”, “mestres religiosos” e “guia espiritual” deles, que iniciam seguidores dentro da seita e, em muitos casos, suas vidas materiais. A organização recrutou alguns milhares de membros dentro da seita desde sua fundação, em 1966, por Abhay Caranaravinda Bhaktivedanta Swami. No entanto, um grande número deles deixou a seita; muitos como resultado dos “gurus” da organização terem saído por si mesmos, deixando seus seguidores “juntando as peças” depois de terem doados seus corações, vidas e posses materiais para eles, desde a morte de Bhaktivedanta Swami. Muitos dos tais “gurus” abandonaram a seita num escândalo, deixando profundas cicatrizes em seus membros desiludidos. Como resultado, muitos dos membros sobreviventes têm recorrido à crescente visão sectária do ritvik.

Justificativa
Ritviks creem ser uma “reação” para o que os membros percebem ser uma lenta deteriorização da religião fundada por Bhativedanta Swami, causada pelo fracasso dos “gurus iniciadores” da sua posição, comumente conhecido como “queda”. A perspectiva Ritvik é de que Bhaktivedanta Swami não autorizou onze de seus seniores discípulos para tomarem a posição de gurus, após a sua morte, agindo contrariamente a uma carta que fora escrita e apresentada aos membros da ISKCON após a sua morte. Os ritviks dizem que a verdadeira intenção de Bhaktivedanta Swami fora de apontar aqueles onze discípulos para realizar os ritos de iniciação para os novos ingressantes, os quais seriam discípulos diretos de Bhaktivedanta Swami, e não discípulos do ritvik, o sacerdote oficial e realizador da cerimônia. O termo original “ritvik” encontra-se dentro dos Vedas, a respeito de um tipo de sacerdote envolvido nas cerimônias sacrificiais, as quais oficializa e conduz em nome do responsável, benfeitor ou outro quem está se beneficiando dos resultados do sacrifício. Melhor, são aqueles sacrifícios feitos fora do campo do serviço devocional puro (bhakti), mas que ocupam, de certa forma, a intenção de aquisições materiais e prosperidade (karma-kanda). A ISKCON, certamente, tenta demonstrar sua aderência às práticas védicas em promover-se tanto no mundo Ocidental como no indiano. Isso é particularmente devido à regra de alcançar aceitação mundial; reconhecimento como sendo uma religião genuína, como uma espécie de oposição de ser considerada uma seita ou um culto[1], sendo esta última, a forma como é vista por muitos ocidentais. O ceticismo público posiciona-se como um desafio para ISKCON, quando em países anfitriões do mundo Ocidental de sociedade judaico-cristã. O conceito de total rendição a uma pessoa humana, que atua como guru, é inteiramente estranho, e aparece como “cultismo” (alienação) para as pessoas do Ocidente. Como um paralelo religioso, este conceito é também difícil de ser engolido para os membros da fé cristã, que se desligaram para a “forma de igrejas Protestantes”, no que diz respeito a sacerdotes, bispos e papa da Igreja Católica Romana. O termo “ritvik” tem agora se tornado um meio de alguém crer que os “gurus” da ISKCON erroneamente clamam discípulos para si próprios, e que apenas Bhaktivedanta Swami está qualificado e autorizado para aceitar discípulos. De acordo com esta visão, o processo pelo qual Bhaktivedanta Swami deveria aceitar discípulos após a sua morte é através da cerimônia de iniciação conduzida por um ritvik . Este sistema está predito pelos ritviks para os últimos dez mil anos.

Argumentos e artifícios
Os ritviks tentam apresentar o caso deles, fazendo lembrar os membros da ISKCON da falibilidade humana dos gurus da ISKCON: daqueles que têm caído, e daqueles que apesar de manterem o status, mas que vivem de forma arrogante e extravagante como “renunciantes” ou “sannyasis”. Os ritvik sempre reascendem histórias sobre corrupção nos gurus da ISKCON, cada vez adicionando um sensacionalismo extra. O número de gurus caídos é de fato um tanto exagerado, algo em torno de 20, se não mais, dentro de 27 anos de sua única história. O mecanismo empregado pelos ritviks é expondo a escandalosa vida dos gurus da ISKCON parte dentro de literatura e websites, semelhante às revistas de “fofoca de Hollywood”. Por estes meios, eles esperam contrastar um guru mortal da ISKCON com o que Bhaktivedanta Swami, quem eles reverenciam como alguém que é perfeitamente puro, cheio de conhecimento, infalível e perfeito em todos os aspectos. Eles acreditam que um devoto da ISKCON não está autorizado a se tornar guru e, se tentar, uma tragédia o aguardará. A longa lista de gurus caídos prova o ponto de afirmação deles, como um “escrito bíblico num muro”. A queda de nove dos onze gurus originais, bem como a trágica morte de Tamal Krsna Goswami, quem sabe o guru mais odiado pelos ritviks, tem aumentado as suas convicções. Ao lado desta noção está uma deificação retórica de Bhaktivedanta Swami, cujo status se tornou um fenômeno isolado. Como um sintoma de uma seita, os membros ritviks creem que eles são os verdadeiros seguidores de Bhaktivedanta Swami. Eles se sentem abençoados por Bhaktivedanta Swami, e convencem que os outros estão desviados de sua graça, pelo fato de seguirem os gurus da ISKCON e do GBC; a administração global da ISKCON é quem mantêm o presente sistema, envolvendo a eleição e aprovação de novos gurus. Consequentemente, os ritviks estão em contenda com os gurus da ISKCON e seus seguidores.

Problemas futuros
Um problema óbvio com o sistema de ritvik é como eles se sairão daqui a uma centena de anos no futuro, quando seus membros estarão ainda iniciando em nome de Bhaktivedanta Swami. Segundo eles, no entanto, a sua presença física não é o caso. Também, segundo a crença deles, ele está presente no seu “vani” ou suas instruções, bem como na estátua do templo. Não obstante, como bem trabalharão com Bhaktivedanta Swami, como um ícone mitológico nas mentes dos seus seguidores, em centenas ou milhares de anos que se seguirão, permanece para ser visto. Em problemática equivalente está o sistema de eleição de gurus do GBC ISKCON. O GBC elege um guru do qual os membros podem pedir iniciação na religião, através dele, tornando-se seus discípulos. Desafortunadamente, é um sistema defeituoso, uma vez que muitos que são escolhidos daquela forma não passam no “teste” depois de um tempo. O raciocínio que está por detrás deste sistema de controle, tem em vista, como uma medida, tentar proteger os membros da instituição de gurus desqualificados. O GBC determina quem está apto ou não apto para iniciar. Em teoria, isso soa pragmático, mas é falho, uma vez que muitos deles não mantêm suas regras eficientemente, e voltam a cometer danos irreversivelmente, para milhares de membros em poucos anos. Consequentemente, a ISKCON encontra-se numa praga, se faz ou não faz esta situação.

Gaudiya e ritviks
Em algum momento na historia da religião Gaudiya Vaisnava ocorreu um sistema de guru ritvik? Observa-se, apesar de qualquer apresentação sobre este tema, que os ritviks falham em fornecer alguma documentação ou registro biográfico baseado em literatura autorizada para sustentar o que eles afirmam. O que eles consideram “autorizado” são alguns remendos juntados em citações de Bhaktivedanta Swami, de outros assuntos não conectados com a questão. No todo, as citações de Bhaktivedanta Swami podem ser autorizadas para os Vaisnavas da ISKCON, mas não para toda a Gaudiya Vaisnava Sampradaya, como nós iremos discutir mais adiante. Quem sabe, é por esta razão porque eles evitam de consultar quaisquer escrituras sobre Bhakti escritas pelos Acaryas, ou a visão interna como outros Gaudiya Vaisnavas conduzem a matéria referente a guru/discípulo. As escrituras de Bhakti são, primariamente: o antigo Srimad Bhagavata, o enorme montante da literatura escrita pelos seis Goswamis; Krsnadas Kaviraja Goswami, Narottama Das Thakur, Visvanatha Cakravarti thakur, e Baladeva Vidyabhusana.

Árvore discipular
Como é demonstrado através de descrição de grandes santos Vaisnavas, e da literatura que Eles produziram ao longo dos últimos quinhentos anos, tradicionalmente, a Gaudiya Vaisnava mantém estritamente o sistema de guru pranali, que é: reverência e adoração da linhagem discipular de diksa gurus. O guru é quem inicia um discípulo na tradição, e concede ao discípulo o sagrado e secreto mantra, colar de Tulasi, Deidades, Tilak da Sampradaya, o maha mantra e o nome do sadhaka. Junto com estes itens sagrados, o guru revela sua linhagem espiritual (parampara), para o discípulo, o qual se torna membro eterno para a família para a qual o discípulo ingressou na sucessão. As várias linhas de sucessão discipular são chamadas de “parivars”. Alguns ramos proeminentes da árvore de Sri Caitanya são a Nityananda Parivar, Advaita Parivar, Gadadhara Parivar e Narottma Das Thakur Parivar. Krsnadas Kaviraja Goswami descreve no Caitanya Caritamrita vários ramos na árvore de Sri Caitanya. Narottma Das Thakur escreveu no Prarthana, que os devotos associados, que desceram junto com o Senhor Gauranga, para auxiliá-lO nos Seus passatempos, cinco séculos atrás, são nitya siddha, companheiros eternos. Kavikarnapur, um grande recebedor da misericórdia do Senhor Gauranga, compôs um livro chamado : “Um lampejo ente os Associados de Gaura”, o qual revela as identidades dos associados do Senhor Gauranga nas suas funções de companhias eternas de Krsna nos passatempos eternos de Vrindavana. Krsnadas Kaviraja escreve no Caitanya Caritamrita, que os companheiros eternos do Senhor Gauranga ajudam-nO na distribuição do amor transcendental por Krsna. Alguns deles iniciaram linhagem discipular e familiar, favorecendo esta propagação para futuras gerações de almas, na atual era. Hoje, a tradição da Gaudiya Vaisnava permanece uma vibrante e próspera cultura religiosa com centros em Navadwipa, Jagannatha Puri, Vrindavana, Radha Kunda, arredores da montanha de Govardhana, e outras regiões sagradas por todo Vraja (Índia). As conclusões a respeito de como o desejo por bhakti (bhaktii lata bija – semente de devoção) aparecem dentro do coração de uma alma comum neste mundo material é devido à graça de um Vaisnava, seja nesta vida ou na vida passada. É dito que o propósito da peregrinação não é meramente para tomar banhos sagrados, mas encontrar-se com estes santos. Não há melhor lugar para alguém obter a misericórdia dos devotos do Senhor do que em locais sagrados.

Tradição Gaudiya
O guru póstumo não é um processo eleito dentro da tradição Gaudiya Vaisnava. Os aspirantes pela vida devocional pedem aos Vaisnavas para se tornarem discípulos e receber diksa , iniciação. Não há um comitê que decide quem está ou não qualificado. Isso até é uma discrição individual, para verificar quem está adequado para ser guru. Portanto, é comum para os aspirantes de Bhakti pedir o conselho para outros Vaisnavas, dentro uma comunidade onde está uma boa categoria de Vaisnavas qualificados para aceitar estudantes. Quando um candidato e o esperado guru se encontram, eles estudam um ao outro. Os gurus examinam o aspirante seriamente, e o nível de entendimento de bhakti através das perguntas e da compreensão. Essa é, igualmente, a obrigação do aspirante, em também observar as qualidades, o comprometimento espiritual de adoração, e o conhecimento do guru, antes de tomar uma decisão e pedir iniciação.
Aquele quem recebe a iniciação na tradição se torna o discípulo de alguém que dá iniciação. E este se torna seu diksa guru, ou mantra guru. Embora ocorra o que é chamado de siksa guru ou guru instrutor, o relacionamento primário é com o diksa guru. Aquele quem aceita a iniciação de seu diksa guru e então o rejeita, pedindo conselho a outro Vaisnava, incorre na terceira ofensa no canto dos Santos Nomes. Se o sistema de ritvik fosse algo seguido tradicionalmente na Gaudiya Vaisnava, então pensem quantos discípulos haveria nos dias atuais do Senhor Caitanya, Senhor Nityananda, Rupa Goswami ou Narottama Dhas Thakur? Por que tornar-se discípulo de Bhaktivedanta Swami, quando alguém pode ser discípulo de Deus em pessoa, ou de um dos Seus eternos companheiros? Não parece ser paradoxal que alguém torne-se discípulo de Bhaktivedatna Swami, centenas de anos após sua morte e não de Sri Caitanya ou Rupa Goswami?

Acarya
A palavra “acarya” [2] significa: “aquele quem ensina pelo exemplo”. Ela também serve para nomear alguém que surge como autoridade ou cabeça de uma Sampradaya. Acaryas; via de regra, refere-se às elevadas almas Vaisnavas de “elevada posição”[3], demonstradas em suas intensidades de adoração, profunda e clara explanação dos assuntos sobre Bhakti, e manifestação de experiências místicas como um resultado de profundo amor por Krsna. Especificamente com respeito à tradição de Sri Caitanya, “acarya” se refere aos devotos eminentes como os seis Goswamis, que foram emissários de Mahaprabhu, propagando Seus ensinamentos. Os ritviks dizem que gurus qualificados são raros dentro deste mundo, e que a mais recente manifestação fora de Bhaktivedanta Swami. Realmente foi Bhaktivedanta Swami um acarya excepcional na Gaudiya Vaisnava Sampradaya? Viajando ao redor do mundo, estabelecendo centenas de templos; dando iniciação para alguns milhares de membros; estabelecendo a publicação de livros em organizações como (BBT), traduzindo a literatura Bhakti – todos estes acompanhamentos ou feitos são provas de um auto-efulgente acarya?[4] Unanimemente na ISKCON todos concordam. Seus membros todos deliram que Bhaktivedanta Swami estava num estado espiritual que ultrapassava os acaryas anteriores, devido ao seu trabalho de pregação no mundo ocidental, feito pela ISKCON.

Pandita – erudição de um Acarya
Muitos seguidores atribuem a Bhaktivedanta Swami como sendo um grande acadêmico dos escritos Bhakti. Ele foi? Acadêmico, nos dias de hoje, se refere a alguém com um título como PhD, pesquisador e experiente em um assunto, quem recebeu seu título de uma instituição creditada. Mesmo na Índia, muitos Panditas instruídos adquirem graus em universidades e instituições creditadas, através de um intenso estudo do Sânscrito e pesquisa. Na Gaudiya Vaishnava, estudiosos gastam muitos anos de estudos nos trabalhos em sânscrito de Jiva Goswami, tal como os Sandarbhas, os quais são cânones da filosofia e teologia específica em consideração aos ensinamentos de Sri Caitanaya; o antigo Bhagavata Purana, com muitos comentários de Acaryas proeminentes; os trabalhos de Rupa Goswami, Visvanath Cakravarti Thakur, etc. de qualquer forma, de acordo com a sua biografia, Bhaktivedanta Swami não concluiu sua graduação em Química, o que nem sequer estava próximo de estudos religiosos. Não há registro de seus estudos em Sânscrito na profundidade, nem tampouco através do estudo das escrituras sobre Bhakti, como é o caso de muito Acaryas proeminentes, que passam muitos anos com um mestre que os leva através de todos os assuntos das escrituras de Bhakti. Ele passou uma grande parte de sua vida com um homem de família, com a paternidade de cinco filhos, enquanto trabalhava com negócios farmacêuticos, para os quais costumava viajar grandes distâncias com propósitos de negócios. Apesar de seu pai ter feito arranjos para uma iniciação para ele, na idade de 12 anos, de acordo com sua biografia, ele não tomou isso muito seriamente, e em vez disso, perseguia propósitos políticos na sua juventude (na época, Mahatma Gandhi estava liderando um grupo pró-liberdade da Índia do governo inglês). As suas traduções dos livros da sua BBT, como um sannyasi, foram feitas de edições em Bengali, e a sua tradução do Bhagavad-gita é notavelmente um plágio feito da edição da Gita Press. Apesar de seus esforços, suas traduções contêm muitos erros, mesmo o Caitanya Caritamrita, o qual ele traduziu do Bengali. Evidentemente, ele não tinha sempre uma clara compreensão de muitos ensinamentos tradicionais da Gaudiya Vaisnava, como está evidente em seus comentários conhecidos como “significados Bhaktivedanta”. Muitas contradições podem ser encontradas através de seus comentários, tornando-se um playground de debates especulativos entre os seguidores da ISKCON. Em muitos locais, por todas as partes, seus escritos e aulas são ensinamentos contraditórios aos ensinamentos dos Acarya Goswamis. Algumas vezes, ele costumava usar os comentários como uma plataforma para gabar-se dos seus feitos, lançando difamações e acusações contra Vaisnavas e Brahmanas, bem como propiciando um prato cheio de pancadas nas mulheres, uma prática aética entre os santos. Vendo objetivamente, através dos volumes dos livros que ele publicou, Bhaktivedanta Swami falha num mínimo de efetividade e erudição, diante dos ensinamentos de Sri Caitanya como um Acarya. Pode um Acarya levar efetivamente o mundo da comunidade Vaisnava se pessoalmente não é claro, ou mesmo mal-interpreta os ensinamentos de Sri Caitanya? O fato é que, depois de sua morte, há uma grande desorientação entre seus seguidores, num sistema de guru o qual não dá muitas credenciais para Bhaktivedanta Swami como um grande educador.

Guru Parampara
Está Bhaktivedanta Swami conectado ao Parampara, uma tradicional linhagem espiritual de Diksa Gurus? Apesar de ele ter mostrado um grande carisma, a habilidade para inspirar seguidores para abandonar riquezas, e perseguição de “felicidade material” no canto dos santos nomes de Deus zelosamente, Bhaktivedanta Swami não está conectado com um Parampara, um dos três ramos da Gaudiya Vaisnava Sampradaya. A ISKCON e a sua seita religiosa mãe, Gaudiya Math, estão conectadas com a linhagem de Bimal Prasad, o filho de Bhaktivinoda Thakur, autodenominado Bhaktisiddhanta Saraswati. Ele teve a sua iniciação rejeitada por Gaura Kishora Das Baba, um grande asceta Vaisnava do séc. XIX-XX. Em vez que procurar iniciação de outro Guru Vaisnava, ele seguiu estudando por conta própria e montou seu próprio nome Vaisnava, instituindo práticas e conceitos contrários aos tradicionais ensinamentos a tradição de Sri Caitanya. Isso talvez explique as esquisitices encontradas dentro desta seita Vaisnava, em comparação com o restante da tradição. A lista de Gurus sucessores, encontradas nos locais da ISKCON e Gaudiya Math é falsa[5]. Como poderia Narottama Das Thakur dar iniciação para Visvanath Cakravarti Thakur, se aquele já havia morrido antes deste nascer? O mesmo é o caso de Visvanath Cakravarti e Jagannatha Das Baba; eles jamais se encontraram, tendo um hiato de quinze anos entre a morte de um e o nascimento de outro. A Gaudiya Math entrou em colapso depois da morte de Bhaktisiddhanta, devido à divulgação da quebra da ligação entre Bhaktisiddhanta e o a tradição Sri Caitanya. Bhaktivedanta Swami apresentou para seus seguidores uma história deformada, de que o evento não coincide com a visão e percepção do que de fato ocorreu, de acordo com aqueles que estiveram ali. Na verdade, a Gaudiya Math quebrou porque Ananta Vasudeva, quem era a cabeça sucessora do Math, descobriu que Bhaktisiddhanta não havia recebido os ritos de iniciação de Gaura Kishor Das Baba. Logo, não há Parampara na Gaudiya Math, nem tampouco na ISKCON. Bhakti é transferido de um Vaisnava para um candidato ao serviço devocional, através de um ritual sagrado. A transmissão de mantras sagrados e autorizados, uma necessidade para avanço no caminho de Bhakti está no coração do ritual. Sem ele, não há ingresso autorizado no caminho da devocional. Após Anata Vasudeva ter descoberto esta fraude de Bhaktisiddhanta ele avisou os demais seguidores e irmãos da seita, para então procurarem autênticos Gurus Vaisnavas , que poderiam dar a eles uma iniciação autêntica, e ensinar-lhes o caminho de Bhakti, de acordo com os ensinamentos de Sri Caitanya e os seis Goswamis. Conseqüentemente, ele abandonou a organização, o que ocasionou um grande caos para muitos ali. Aqueles que eram seguidores sinceros viajaram para Vrindavana, para então se encontrar com homens santos, que estavam engajados em serviço devocional. Eles tomaram abrigo aos Seus pés, aceitando iniciação genuína no caminho da devoção. Os que estavam interessados em dinheiro e poder ficaram nos maths (templos), engajando-se em disputas civis legais para ganhar o controle das propriedades e posses. Bhaktivedanta Swami não viveu na Gaudiya Math quando estes fatos aconteceram, mas apesar de tudo, ele era conhecedor das controvérsias em torno das coisas da sucessão discipular e o misterioso Bhaktisiddhanta, como ficou evidente na sua resposta, quando estes fatos foram levados até ele.

Oposição ritvik
Os ritviks descrevem uma visão diferente neste “capítulo”, um que Bhaktivedanta Swami apresentou, o qual auxilia a causa deles. Eles crêem que os discípulos de Bhaktisiddhanta desobedeceram às ordens de Bhaktisiddhanta, pelo fato de os seus membros terem elegido um guru sucessor depois da morte dele, o qual resultou na queda da organização e do guru. Eles chamam isso de “a origem da guru farsa”. No entanto, Ananta Vasudeva, aparece como ter sido escolhido a dedo pessoalmente por Bhaktisiddhanta. Isso é uma tradição na Gaudiya Math, e está em voga hoje, escolher um sucessor anterior para conduzir à morte do guru. Mas Ananta Vasudeva deixou a Gaudiya Math e assim fizeram muitos outros; muitos receberam a iniciação emoldurada por santos Vaisnavas do Radha Kunda e Vrindavana. A tumba de Ananta Vasudeva mantém-se hoje no Radha Kunda. Outros que deixaram a Gaudiya Math, para serem iniciados pelos santos, realizaram serviço devocional em Vraja, onde viveram até recentemente; afortunadamente, eles viveram para nos contar a história deles. Krsna Das Madrasi Baba, Madana Moham Das Baba (quiçá ainda viva), e o Dr. L. B. O. Kapoor, todos anteriormente membros da Gaudiya Math, foram algumas das grandes almas que nós tivemos o prazer de encontrar e que pessoalmente viram e testemunharam estes eventos. Jai Nitia Das Baba, um grande santo que viveu por 114 anos, conheceu Goura Kishora Das Babaji, e confirmou que Bhaktisiddhanta não fora iniciado como discípulo de Goura Kishora. Lalit Prasad, o filho mais jovem de Bhaktivinoda e irmão de Bimala Prasad (Bhaktisiddhanta), também disse a mesma coisa. Isso, contudo, aparece entre os ritviks como sendo a verdadeira “origem da guru farsa”, que alguém retratou pelo fundador da Gaudiya Math, Bhaktisiddhanta.

Queda de “gurus
Enquanto um grande número de “gurus” têm deixado a IKSCON, e muitos envolvidos em grandes escândalos, isso não se trata de uma prova de que um sistema de guru ritvik é o que deverá ou não estabelecer-se no lugar. A matéria é especialmente sintomática de um problema mais profundo, isso é, não há uma conexão com um diksa guru na linhagem discipular, não tendo acesso ou conexão com Gaudiyas Vaisnavas da tradição, e uma deficiência do tradicional entendimento dos ensinamentos de Sri Caitanya, tal qual é propagado pelos seis Goswamis. Com o surgimento de já outro movimento dentro da ISKCON, que advoga workshops na comunidade, conduzidos por profissionais da “saúde mental”, a ISKCON irá continuar a ser levada adiante em suas raízes incompletas. A seita continuará com reviravoltas sobre seus membros, enquanto alguns irão optar por explorar alternativas para a religião da ISKCON.

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[1] Nos Estados Unidos da América “cult”, traduzido literalmente para o Português como “culto”, possui uma conotação de “fanatismo”, “segregacionismo”, “alienação”, etc., muito se equiparando a “racismo” ou outro tipo de discriminação e ou alienação qualquer. Veja-se mais sobre o tema em http://en.wikipedia.org/wiki/Cult. Nota do tradutor. 
[2] Conf., escrita sânscrita.
[3] “elevada estatura” no sentido de expressiva posição dentro da Filosofia Vaisnava.
[4] No sentido de “brilhará e surgirá por si mesmo, de forma espontânea”, mas devidamente qualificado e aceito por todos os Vaisnavas e autoridades Vaisnavas.
[5] É comum em muitos centros da seita colocar por sobre o altar uma sucessão de fotos ou desenhos as quais mostram as pessoas referidas no texto.

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